Terra de Gigante

Era uma vez um pais muito distante, chamado Bananópolis. Tinha esse nome porque era muito rico na produção de bananas, uma verdadeira república das bananas. Lá vivia uma população muito pacata, ordeira e pacífica. Dizia-se que esse país era abençoado porque possuía muitas praias, um clima tropical e recebia todos os anos muitos habitantes de outros reinos que viajavam para conhecer essa maravilha de cenário, e todo mundo fazia festa. As mulheres do país nativo dormiam com os visitantes que vinham se refrescar no litoral paradisíaco, para que eles se sentissem o mais bem atendidos possível e esses visitantes ficavam tão felizes e agradecidos que deixavam a essas belas recepcionistas lindos presentes, tais como dólares e euros. O país também possuía muitas florestas, muitos rios e pássaros com plumagens de todas as cores. Mas nessas florestas também havia muitos tesouros escondidos, muita riqueza guardada e que só poderia ser usada pelos bananopolisenses. Para guardar essa riqueza, havia um gigante que morava num castelo muito grande na entrada da floresta e ninguém podia entrar lá sozinho.   Era um Bicho Visagento chamado Magog, que vestia sempre uma camisa verde e uma calça amarela, que simbolizavam as riquezas que ele guardava, a floresta e o ouro. Mas acontece que o gigante estava adormecido, deitado eternamente em berço esplêndido e ninguém podia fazer barulho perto do castelo para ele não acordar, porque se o sono dele fosse interrompido bruscamente ele levantava furioso e batia em quem fizesse barulho.

Porém, num reino vizinho, chamado Yankland, tinha um rei muito malvado, chamado Trompete, que queria se apoderar do tesouro de Bananópolis, mas não queria fazer uma guerra de invasão porque os bananopolisenses eram muito úteis a ele.

O povo desse país das bananas vivia na pobreza esperando que o gigante acordasse para poder usar o tesouro, pois só Magog sabia distribuir a riqueza em partes iguais para todo mundo.

No país do gigante também tinha uns homens muito sem-vergonha, os corupiras, assim chamados porque eram de estatura menor, tanto física quanto de caráter. Eles também queriam roubar o tesouro, só que eles também eram pobres e não tinham onde guardar tanta riqueza. Além disso, costumavam pescar peixe nos rios e apanhar frutas escondidos nas árvores da floresta e levar de presente para o rei Trompete, que recebia todos e comia os peixes e as frutas, por isso os corupiras achavam que eram amigos do rei, e cada vez que iam visitá-lo levavam mais peixes e mais frutas que pegavam escondidos e se sentiam muito importantes, porque o rei comia as frutas e os peixes. Antes de irem embora, os corupiras passavam no mercado que tinha na cidade e compravam as cascas das frutas e as espinhas dos peixes que o rei jogava no lixo e os negociantes juntavam e vendiam como relíquias porque eram cascas das frutas e espinhas dos peixes que o rei tinha comido, por isso tinham muito valor.

Aí o rei teve a ideia de convencer os corupiras a carregarem o tesouro para Yankland, que ele guardava e devolvia quando os habitantes de Bananópolis quisessem. Os corupiras ficaram pensando e esperando uma oportunidade para entrarem na floresta e transportarem o tesouro.

Um dia, o gigante teve um ataque de sonambulismo, saiu sem rumo, quebrando tudo que via pela frente, móveis, cristais, louças, arrombando portas e janelas. Os bananopolisenses viram aquilo e, por não entender da natureza do sono dos gigantes, pensaram que Magog tinha acordado, e concluíram que estava na hora de ser feliz. Então, começaram a comemorar. Vestiram camiseta verde e amarela, as mesmas cores da roupa de Magog, saíram para rua gritando, rindo e atirando foguetes.  À noite, eles iam para as sacadas e janelas de suas casas e batiam panelas porque achavam que com esse ritual iam chamar bastante comida para suas mesas.

Acontece que quando foram derrubadas as portas do castelo, os corupiras entraram e começaram a pilhar tudo o que viram. Para não dar muito na vista, disseram que iam fazer uma festa para comemorar o despertar de Magog. O povo acreditou e ficou muito feliz pensando que todo mundo ia ser convidado pra festa. Os corupiras também arrombaram os portões da floresta com a chave que Magog guardava embaixo da cama e começaram a se apoderar do tesouro e levar tudo para o rei Trompete. Quando alguém reclamava, eles diziam que o rei ia devolver tudo depois com juros e que em breve o povo ia usufruir dos bens e ser muito mais rico e feliz.

Mas o tempo ia passando e o retorno financeiro não vinha e o povo começou a desconfiar. Acontece que as pessoas comuns não sabiam onde o tesouro estava escondido e tinham muito medo de entrar na floresta para procurar, e deixavam tudo por conta dos corupiras, que eram homens mais acostumados a andarem na floresta. Então, depois que tiraram todo o tesouro e levaram para o rei Trompete, e receberam muitas cascas de fruta e espinha de peixe de presente, os corupiras revelaram ao povo de Bananópolis que o gigante estava apenas sonâmbulo e precisavam o fazer dormir de novo senão ele ia destruir tudo. Então, deram uma poção mágica e entorpecente e Magog voltou a dormir. No dia seguinte, eles disseram que a festa tinha acabado e que agora todo mundo devia voltar à sua vidinha normal e trabalhar sem fazer muito barulho porque o gigante podia acordar e ficar muito furioso ao saber o que aconteceu.

E, assim, o gigante voltou a dormir novamente em berço esplêndido e os bananopolisenses continuam quietinhos e pacatos, trabalhando sem fazer barulho, esperando que o gigante acorde de verdade por conta própria e aí sim todo mundo vai ser feliz para sempre.

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